quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Começar do começo

Ok, ok. Tudo isso é muito legal. Aham. Ótimo.

Mas de que diabos estamos falando?

Ok, vamos começar do começo.

Inter. Game para web. Adaptação de um conto.

Isaac Asimov (vide foto) foi um escritor muito famoso, autor de mais de 500 livros (é 500 mesmo, três dígitos, não foi um esbarrão no teclado), a maioria de ficção científica. Ele era fascinado por esse tema, que inclui robôs, alienígenas, íons, espaço sideral e frases como "Por Júpiter!" (mas ele é um ótimo escritor, a gente jura!).

O conto que escolhemos faz parte de sua mitologia sobre robôs, que inclui as famosas Três Leis da Robótica: um robô não pode ferir um humano ou, por negligência, permitir que um seja ferido; um robô não pode desobedecer uma ordem humana, desde que ela não contradiga a primeira lei; um robô deve proteger-se, desde que isso não entre em conflito com a primeira ou a segunda lei.

Razão, o conto de Asimov que estamos adaptando, fala de um robô que começa a questionar coisas que não devia e, por isso, testa os limites das três leis, que, teoricamente, são soberanas. O Tails já postou um link que inclui o conto. Mas, para os mais preguiçosos, vamos facilitar com aquela resumida básica:

"Dois encarregados de cuidar de uma estação espacial deparam-se com um robô-protótipo, chamado Cutie, que começa a questionar a própria origem e existência. A máquina não acredita que foi montada pelos humanos, e ignora todos os argumentos dos dois. Cutie, então, atribui sua criação a um 'Senhor' e começa a aliciar os outros robôs da estação, que o consideram um profeta do tal 'Senhor'.


Enquanto isso, uma tempestade elétrica se aproxima da estação – e da Terra – e, enquanto os robôs estivessem rebelados, os humanos não poderiam controlá-la, o que causaria a destruição do planeta. A tempestade chega, e os humanos preparam-se para o pior. Mas Cutie controla os equipamentos e não há nenhum dano. Para o robô, era isso que o 'Senhor' queria que ele fizesse, e ele o fez melhor que os humanos. Todos os equipamentos, medidores e até as Leis da Robótica são criações do 'Senhor' que ele deve seguir – portanto, acaba fazendo exatamente o que os humanos queriam que ele fizesse, e melhor. Os humanos então aprovam Cutie e deixam a estação em seus cuidados".

Esses dois paragrafinhos não são nada se comparados ao conto...

Enfim.

Em nossas (longas) discussões sobre a história, definimos dois temas principais: o existencialismo (de onde vim? quem me fez? como explico minha existência?) e criatura vs. criador (a rebeldia e desobediência do robô, que se considera superior aos humanos). O conceito que bolamos transfere essas questões para antes, para quando o próprio homem começou a questionar essas coisas e chegou a uma resposta simples, que não pode ser provada ou refutada: a existência do divino. Assim, serão três fases, em três momentos diferentes da história humana:

>> Pré-história. Graças ao contexto narrativo, o personagem vê ossos e crânios de outros humanos, e começa a se perguntar o que é aquilo, do que ele é feito e, principalmente, como ele chegou ali. Seria o surgimento do primeiro "Senhor" da humanidade, uma resposta perfeita para uma pergunta impossível.

>> Idade média. Durante a Inquisição, na Europa do século XII. O personagem testemunha a morte de uma pessoa querida em nome da religião, e começa a se perguntar se existe mesmo aquilo que estavam usando como justificativa para perseguir e matar todo mundo.

>> Futuro. O personagem é Cutie. Ele acaba protegendo os humanos da tempestade elétrica. Enquanto os humanos diminuem a importância de Cutie e dizem que ele não é nada além de uma máquina programada, o "Senhor" conversa com o robô e o orienta a ignorar os humanos e cumprir sua função – como a história de Joanna D'Arc. É uma coisa esquizofrênica, Cutie tem diálogos com essa presença divina que existe apenas na cabeça dele. No final, ele acaba "superando" os humanos, pois os salva da tal tempestade, o que, para o robô, reafirma sua superioridade e marca sua maior rebeldia contra seus criadores.

Nosso principal desafio é transferir essas questões existencialistas para um gameplay (conjunto de ações possíveis, desafios, regras e limites do jogo) interessante. E acredito que estamos bem encaminhados... mas vou deixar isso pra outro membro do grupo. Cheers!

Nenhum comentário:

Postar um comentário